Depressão..........Precisa dizer mais alguma coisa?

Depressão no ciclo da vida e as consequências do não-tratamento adequado

A depressão é um transtorno psiquiátrico bastante prevalente na população. Se não tratada adequadamente, produz efeitos danosos à saúde geral:

+ Maior risco de doença cardiovascular e maior probabilidade de morte por eventos cardíacos, provavelmente relacionado com o estado de inflamação sistêmico, por secreção de hormônios do estresse e desequilíbrio neuroquímico e endócrino.

+ Inibição do Sistema Imunológico, com aumento do risco de doenças infecciosas, autoimunes e câncer.

+ Aumento da manifestação de dor crônica, devido o envolvimento de neurotransmissores ligados à mediação álgica nas terminações nervosas.

+ Aumento da probabilidade de morte entre idosos internados em casas de repouso no espaço de um ano.

+ Aumento do índice de morte para aqueles que têm mais de 55 anos, independente da causa ser suicídio.

+ Alterações neuroanatômicas e neurofuncionais, levando à atrofia da região hipocampal, responsável pela memória de trabalho e orientação têmporo-espacial.

+ Risco aumentado de mortalidade por tentativas de suicídio( 15%), aumento do uso de substâncias químicas de abuso, gerando risco de dependência e morte.

As pessoas que têm depressão sofrem de uma perturbação persistente do humor, com interrupções simultâneas nos pensamentos, nos comportamentos e funcionamento psicossocial, passando a expressar uma tonalidade exageradamente triste e negativista diante de diferentes contextos. Essa cognição depressiva afeta a capacidade de interação social e familiar, além de comprometer a capacidade produtiva no trabalho.

O modelo explicativo atual( equiafinidade) para o surgimento e manutenção dos episódios depressivos focaliza na interação entre uma vulnerabilidade genética( herdada da família e ascendentes), os fatores ambientes( estressores psicossociais) e padrões internos de resolução de problemas( déficits psicológicos e neuroses). Cada pessoa , dependendo do "peso" de um desses três fatores correlacionados, estaria mais ou menos predisposta a desenvolver depressão no decorrer do seu ciclo de vida. Por exemplo:

+ Vulnerabilidade biológica e genética: Múltiplos genes interagem com o ambiente, moldando a natureza neuroquímica do indivíduo, além das características da personalidade, como a instabilidade emocional.

+ Vulnerabilidade psicológica: Fatores como timidez, busca excessiva de segurança e asseguramento, com o reforço de estratégias de esquiva fóbica( evitação), reforçam respostas depressivas diante de desafios e problemas.

+ Eventos traumáticos de vida: Perdas pessoais, abuso físico e psicológico, perda de figuras parentais ou cuidadores em tenra idade aumentam os riscos de depressão na vida adulta.

+ Reação ao estresse: Pessoas reagem aos estressores de maneiras diferentes. Traumas precoces podem hipersensibilizar o sistema hipotálamo-hipófise-adrenal, com excessiva secreção de cortisol e adrenalina, que atrofiam o hipocampo e predispõem a quadros depressivos recorrentes.

+ Fatores cognitivos: Crenças irracionais, pensamentos negativos e derrotistas em relação a si mesmo, o mundo e o futuro podem causar depressão.

+ Fatores Sociais: Um baixo suporte social, com isolacionismo decorrente, predispõe o indivíduo a desenvolver e manter estados depressivos crônicos e recorrentes. O isolamento priva a pessoa de receber o reforço positivo dos seus pares e manter a autoestima positiva.

Os sintomas cardinais da depressão incluem tristeza persistente( mais de duas semanas), perda do interesse por atividades prazerosas, rebaixamento da autoestima, visão negativa e desalentada do futuro, alterações vegetativas( excesso de sono ou insônia, excesso de apetite ou inapetência), um estado de desconcentração mental, com diminuição da memória, pensamentos recorrentes de morte ou interpretação negativista dos acontecimentos cotidianos.

A sua frequência é tão alta na população, que tem sido considerada " o resfriado comum da psicopatologia", da mesma maneira que a gravidade de uma esquizofrenia imputou-lhe o termo " o câncer da psiquiatria." Apesar de comum, frequente, passa despercebida nos serviços primários de atenção à Saúde geral, retardando o seu diagnóstico correto e prejudicando o prognóstico do paciente.

As mulheres são mais acometidas que os homens. Cabe mencionar que fatores hormonais possam estar envolvidos nessa estatística desfavorável às mulheres. O pesquisador americano, Martin Seligman, pesquisador da Psicologia Positiva, propõe outros fatores de ordem psicológica e social para explicar essa disparidade de aparecimento da depressão entre os sexos feminino e masculino. Ele acredita que as mulheres são mais depressivas porque:

+ Têm uma probabilidade maior de desenvolver o desamparo aprendido, pelos fatores de pressão social. O desamparo aprendido é um estado de comportamento passivo baseado na expectativa derrotista de que os próprios esforços serão inúteis ou em vão na tentativa de produzir um resultado almejado.

+ Tendem a ficar ruminando padrões de pensamento negativo( neuroses ruminativas), o que pode desencadear ou manter quadros depressivos crônicos.

+ Assumem expectativas irrealistas de padrão de beleza e aceitação impostas pela mídia. Essa insatisfação de nunca alcançar a "beleza ideal" as leva sofrer na sua autoestima, aumentando a autocobrança e culpas irracionais.

+ Outros possíveis fatores incluem: maior índice de abuso sexual sofrido na infância, menor poder econômico, multitarefas( trabalho, lar, cuidado maternal), variações hormonais cíclicas, transtornos metabólicos em geral( por exemplo, hipotireoidismo).

A depressão é uma doença crônica, incurável até o momento, mas passível de controle sintomatológico, através do uso de medicamentos antidepressivos e mudança do estilo de vida para a inclusão de hábitos saudáveis como exercícios físicos, trabalho voluntário, envolvimento em atividades sociais produtivas e agradáveis, o abandono de vícios , o cultivo de relacionamentos interpessoais alegres e mutuamente benéficos e o resgate da espiritualidade pessoal.





Fonte do Texto e Imagem
http://neuronios-saudemental.blogspot.com